Por Juçara Menezes //
Neste fim de semana aproveite para tirar o pó das gavetas e fazer uma limpeza nos móveis e, quando a gente faz isso, costuma rever coisas valiosíssimas.
Encontrei colares indígenas dadas por meu pai, um cartão de aniversário que minha madrasta me escreveu, uma carta fofa da mamãe e muitos desenhos que minha filha me fez, quando criança, e outros de minha sobrinha, igualmente lindos. Achei até bilhetinhos românticos que troquei com a Cláudia, nestes sete anos.
Reuni todas estas joias raras e coloquei em uma caixa linda que papai me presenteou e a chamei de Caixa da Felicidade.
Na Caixa da Felicidade, há também um pingente do Ekeko, o deus equatoriano da Fortuna. Olhei atentamente e vi as trocentas coisas que ele carrega: mesa, cadeiras, chapéus... e um violão em uma mão e uma garrafa na outra. Tem até um pote como aqueles usados pelos duendes no fim do arco-íris... O cara é mesmo um fanfarrão!
Por achá-lo no mínimo curioso, deixo vocês com este pequeno texto sobre Ekeko enquanto me delicio com as cartas de amor, ridículas, porque assim diz o poeta Álvaro de Campos (Fernando Pessoa):
As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.
Ekeko - o deus equatoriano da Abundância
Fonte: Tantra Lounge //
Esta figura anã está rodeada de uma aura de mistério acerca da sua origem mas, no meio esotérico é conhecido por ser um amuleto que traz abundância, prosperiade e fertilidade. No fundo é uma espécie de "génio da lâmpada" a quem se podem pedir desejos, colocar algo que simbolize esse desejo às costas do Ekeko e "alimentar" este fumador inveterado com cigarros todas as semanas. Contam-se mesmo histórias de pessoas que, tomadas pela energia do Ekeko, deram por si a pegar num cigarro e fumar, sem se darem conta disso. Ao se acender o cigarro para se colocar na sua boca, o primeiro fumo deve ser dirigido à boca do Ekeko.
O arqueólogo e investigador Carlos Ponce Sanjinés, que sobre este personagem publicou o livro "Tunupa y Ekeko: Estudio Arqueológico acerca de las efigies precolombinas de dorso adunco"descreve a figura como tendo uma deficiência congénita que faz com que os ossos maiores das extremidades deixem de crescer enquanto que a configuração óssea do tronco não é afectada. Ao longo do tempo estas descrições físicas vão mudando e, até, as qualidades da figura.
Como deus da abundância é venerado há séculos na Bolívia, Peru e Argentina, crendo-se que afastava a desgraça dos lares e trazia a boa sorte.
Pensa-se que existia e se originou na civilização Tihuanacu que habitava a zona do lago Titicaca. Ao chegarem os Incas, estes adoptaram a imagem e converteram-na numa importante divindade da fertilidade e boa sorte. Nos seus inícios o Ekeko era de pedra, curvado, tinha traços indígenas e não trazia qualquer vestimenta; a sua nudez era símbolo dos seus poderes de fertilidade.
Durante a colonização, os espanhóis tentaram irradicar a sua devoção mas os indígenas resistiram. Isso fez com que a imagem sofresse algumas mudanças, entre elas a sua nudez foi coberta e os seus traços alterados para algo mais mestiço.
A Igreja Católica também tentou proibir o seu culto mas, ao não o conseguir, aceitou o Ekeko como parte indelével da cultura boliviana.
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