Por Cláudia Pereira //
Eu já fui flameguista, católica e até espírita. Enfim sou uma mulher que tenta de tudo antes de dar um não definitivo. Falando assim pode parecer que sou meio doida ou dissimulada. Não acho, me sinto apenas uma pessoa que quer certeza absoluta de algumas coisas, e quando as tem...se despe das antigas paixões e as abandona sem piedade.
A religião sempre foi um mistério pra mim. Nunca entendi porque o homem insiste em castigo e pecado. Está mais do que claro de que não foi Deus quem inventou essas coisas. Tais manobras radicais só poderiam ter saído de um cérebro manipulador do ser humano. Então, me perdoem...mas eu não aceito as regras impostas pelos religiosos de carteirinha.
Foi com essa visão meio prejudicada que assisti a NOSSO LAR. O filme retrata a jornada de um espírito recém desencarnado que entra direto no limbo. O coitado do espírito vai penar mais que o diabo para enfim...um dia...ser resgatado ao paraíso chamado Nosso Lar.
O nosso lar é um desbunde de moderno. Tudo branquinho. Limpo. Pessoas tão educadas e solícitas que parecem ser de outro planeta. Não tem carro, nem barulho, tampouco poluição. Os desencarnados são recebidos com muito dengo, mas logo são acordados da moleza: pra ter direitos terão que servir à comunidade com horas de trabalho. Nessa hora eu fiquei muito triste, quer dizer que até no céu eu terei que ter um emprego?
Não tem rave, não tem rodada de samba. Nenhuma coca cola gelada pra tomar. Só sopa ruim (dita pelo próprio personagem) e música erudita. Que me desculpem os cultos, mas não dá pra ouvir chopin o dia todo sem bocejar.
Se não bastasse o roteiro pouco atraente ainda tem a direção esquecível de Wagner de Assis. Nem me dei ao trabalho de saber que o ele havia feito antes. Não me interessa, até porque ele já provou não ter lá grande prática no ofício.
Nem o incrível orçamento de R$ 20 milhões salvaria o filme do tom didático. Parece aula de catecismo espírita. As frases são tão ingênuas que parecem tiradas de algum manual de bons costumes.
O elenco acompanha a trama com um desânimo incrível. Renato Prieto torna seu André Luiz um homem mais apagado que uma vela de sete dias. A única que ainda chama a atenção é Rosanne Mulholland.
O filme chega ao fim sem explicar quase nada . Nosso Lar não cria simpatias para o universo espírita. Pelo contrário, deixa várias questões sem resposta nenhuma.
Péssimo entretenimento e pouco indicado para quem ainda busca salvação no espiritismo.
O nosso Lar decepciona pelo excesso de didática de carteirinha.
Ficha Técnica
Filme: Nosso Lar.
Direção: Wagner de Assis
Elenco: Renato Prieto, Fernando Alves Pinto, Rosanne Mulholland, Inez Viana, Rodrigo dos Santos, Werner Schünemann, Clemente Viscaíno, Othon Bastos, Ana Rosa, Paulo Goulart.
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Fonte: Poltrona Cinemaníaca
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