MANAUS – A discussão entre os empresários do Centro de Manaus e órgãos municipais parece estar longe de acabar. Os lojistas querem com urgência a volta doTerminal da Matriz como local de circulação do transporte coletivo. Entretanto, a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) e o Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb) afirmam que o fechamento do local como corredor de ônibus é irreversível.
Com o maior desembarque na Av. 7 de Setembro esquina com a Av. Eduardo Ribeiro, os lojistas da área mais próxima ao já desativado terminal e ao complexo da Alfândega e Guardamoria amargam prejuízos desde a subida das águas do rio Negro. E este foi um dos assuntos discutidos na noite desta quarta-feira (11), em reunião na Associação Comercial do Amazonas (ACA). A enchente recorde aconteceu no dia 16 de maio, porém a Manaustrans iniciou o fechamento de vias do Centro em 25 de abril.
De acordo com o superintendente do Implurb, Manoel Ribeiro, o projeto de reurbanização, revitalização e reordenamento da malha viária foi entregue ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última sexta-feira (6). Para o protocolo de registro, há um período de cinco dias e é preciso mais 45 dias para que o órgão se manifeste. Caso a análise seja contrária, ainda são necessários 10 dias para que a Prefeitura faça sua contrapartida.
“Se enfrentarmos este tempo inteiro, é possível que as obras só iniciem no próximo ano. Além dos mais de 60 dias do prazo do Iphan, ainda temos todo o processo de licitação para quem vai reurbanizar o local. Queremos aproveitar o decreto de emergência para construir logo, pois estamos sensíveis ao problema dos comerciantes”, afirmou o superintendente.
O fim do Terminal da Matriz foi decretado em 20 de junho, após técnicos do Implurb constatarem fissuras no piso e pequenos afundamentos na via. Os problemas foram causados pela enchente do rio Negro, que afetou as galerias construídas no subsolo há décadas. Pelo local, passavam ônibus de 129 linhas diferentes, das diversas zonas da capital. Todas as linhas terão o itinerário alterado e devem começar a trafegar por ruas adjacentes ao terminal. Será permitido apenas o trânsito de veículos leves.
‘Desamor à Manaus’
Tanto Manuel Ribeiro quanto o presidente da Manaustrans, Walter Cruz, culpam o Iphan e o Ministério PúblicoFederal no Amazonas (MPF-AM) pela demora no início das obras. Ambos acusam os órgãos federais de ‘desamor pela cidade’ e ‘falta de sensibilidade’ aos comerciários do Centro.
Em seu discurso de abertura, Ribeiro disse estar enfrentando ‘acusações infundadas do MPF-AM’. “O Ministério Público abriu um processo contra mim, pois estaríamos criando mecanismos para ganhar dinheiro extra (utilizando o estado de emergência, que retira a obrigatoriedade de licitação em obras). Esta nunca foi nossa intenção. Não tenho mais idade para passar o resto da vida comendo amendoin na cadeia”, afirmou.
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Já Walter Cruz foi mais enfático quanto às acusações ao Iphan e ao MPF. Para ele, as autarquias serão culpadas, caso o terminal volte a funcionar sem o devido restauro, pelos riscos à segurança pública. O presidente lembrou de um ônibus Executivo que caiu em uma vala, o mal cheiro advindo das águas e os acidentes ocorridos com quatro cidadãos.
A solução proposta pela prefeitura de Manaus para a área fechada no Centro – entre a rua Tamandaré até a Avenida 7 de setembro (por acesso à Rua Floriano Peixoto) e parte da Avenida Eduardo Ribeiro – é a revitalização completa do local. Entretanto, comerciários querem a volta do terminal de passageiros, por se sentirem prejudicados com a mudança do itinerário do transporte coletivo e dos micro-ônibus.
Em reunião na Associação Comercial do Amazonas (ACA) nesta quarta-feira (11), o Implurb foi categórico quanto à reativação doTerminal da Matriz. O lugar só pode servir como passagem para veículos leves e para caminhões de até seis toneladas. E isso somente depois de uma revitalização do asfalto.
O tráfego na área do Terminal foi totalmente interditado a partir do dia 02 de junho. O motivo é o risco à circulação de ônibus, pedestres e usuários do sistema, que enfrentam na área os transtornos causados pela enchente do rio Negro. Esta foi a 12ª alteração no trânsito da capital devido à subida das águas. “O movimento caiu drasticamente depois do fechamento e da mudança do Terminal. É difícil para trabalhar, pois a ansiedade só aumenta. Precisamos de rapidez e de uma solução”, assinalou o empresário Walid Saleh.
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