Verão amazônico derruba índices de chuvas para menos de 20mm por mês


MANAUS – O monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) aponta que durante o mês de julho, os máximos da chuva deslocam-se para o noroeste da região, caracterizando a estação chuvosa em Roraima. A situação acompanha o movimento aparente do sol para o hemisfério Norte. Os mínimos de precipitação se concentram no sul da região, principalmente em Rondônia, Mato Grosso, Tocantins e sul dos estados do Pará e Maranhão, o que caracteriza a estação seca nestas regiões, com precipitação mensal inferior a 20 mm e, por vezes, sem registro de chuva.
Os dados do  22º monitoramento do CPRM também mostram que na primeira semana do mês de julho, no norte da região observou-se a formação de aglomerados convectivos e a ocorrência de chuvas em áreas isoladas do Amapá, Roraima, norte do Amazonas, Pará e oeste de Rondônia, contribuindo com acumulados de chuva acima de 90 mm.
Já na porção central, sul e leste da Amazônia, poucas chuvas foram registradas. “Foi observada a presença de uma massa de ar frio e seco que ocasionou uma friagem no sudoeste da região. Na parte sul, uma massa de ar seco tem contribuído para a elevação das temperaturas e baixa umidade relativa no Pará, Maranhão, Mato Grosso, Tocantins, Sul do Amazonas e Leste de Rondônia, com registros de chuvas abaixo de 10 mm/mês, seguindo as características do padrão climatológico”, afirmou o superintendente regional da CPRM/Manaus, Marco Antônio de Oliveira.
Nível do rio Negro
O CPRM também divulgou o último balanço sobre o nível do rio Negro, no Amazonas. Dois meses após amaior enchente da história do Amazonas – ocorrida em 16 de maio deste ano – o rio já baixou 1,21 metros. Avazante de julho está acelerada em relação ao mês passado, quando a média de descida era de 3 cm. Na primeira quinzena de julho, a queda diária está em 4 cm. Na última sexta-feira (13), o rio marcou 28,76 m.
Av. Eduardo Ribeiro, Centro de Manaus. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia
Av. Eduardo Ribeiro, Centro de Manaus. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia
Os dados do 22º Monitoramento Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) apontam níveis de água ainda elevados. Mas, as águas nas bacias do Negro, Solimões e Amazonas continuam baixando. No município do Careiro, o nível já baixou 84 cm em relação a cheia histórica de 2012.
Na série histórica das cotas em Manaus, 76% atingiram o valor máximo anual no mês de junho, 19% em julho e 6% em maio. Já o valor mínino anual, atingiu 43% no mês de outubro, 35% em novembro, 10% nos meses de janeiro e dezembro e 1% nos meses de fevereiro e setembro.
Cheia deste ano alcançou Av. Eduardo Ribeiro, em Manaus. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Cheia deste ano alcançou Av. Eduardo Ribeiro, em Manaus. Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia
Risco de seca severa
Menos de dois anos após uma seca recorde, o rio Negro apresenta sua maior enchente. Assim como na última cheia, cogita-se o risco de outra seca severa. Especialistas não confirmam, mas não descartam, a possibilidade de uma grande estiagem após um recorde de subida das águas. Há somente uma certeza: eventos críticos vão se repetir com maior ênfase, em menores espaços de tempo.
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O coordenador de pesquisas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Antonio Manzi, lembra da cheia de 2009 (quando o rio Negro chegou a 29,77 metros) e da maior vazante em 2010: 13,63 metros. “Estes eventos não aconteceram no mesmo ano. Em 2009, a seca foi de 15,86 metros. Foi um nível abaixo da média, mas a grande estiagem aconteceu no ano seguinte e não em sequência da enchente”, explicou.
O pesquisador observou que há 25 anos as cheias estão cada vez maiores e as secas mais severas. Para ele, ainda não é possível responder se estes eventos acontecem devido às alterações climatológicas. Entretanto, não se descarta uma intensificação no evento devido às mudanças climáticas.
Centro de Manaus amarga prejuízos
Centro de Manaus. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia
Centro de Manaus. Foto: Juçara Menezes/Portal Amazônia
O comércio no Centro da capital amazonense foi afetado pela subida das águas do rio Negro. Devido a enchente, o Terminal Central da Matriz precisou ser fechado, obrigando a mudança do local para a Av. 7 de setembro (esquina com a Av. Eduardo Ribeiro). Com isso, os empresários próximos ao Complexo da Alfândega e Guardamoria amargam prejuízos até hoje.
Os lojistas querem com urgência a volta doTerminal da Matriz como local de circulação do transporte coletivo. Entretanto, a Superintendência Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), o Instituto Municipal de Engenharia e Fiscalização do Trânsito (Manaustrans) e o Instituto Municipal de Ordem Social e Planejamento Urbano (Implurb) afirmam que o fechamento do local como corredor de ônibusé irreversível.
O fim do Terminal da Matriz foi decretado em 20 de junho, após técnicos do Implurb constatarem fissuras no piso e pequenos afundamentos na via. Os problemas foram causados pela enchente do rio Negro, que afetou as galerias construídas no subsolo há décadas. Pelo local, passavam ônibus de 129 linhas diferentes, das diversas zonas da capital. Todas as linhas terão o itinerário alterado e devem começar a trafegar por ruas adjacentes ao terminal. Será permitido apenas o trânsito de veículos leves.
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