A saudade faz aniversário



por Juçara Menezes // 

Já havia me programado para retornar ao blog ainda este ano mas adiei o momento por vários motivos (técnicos, tecnológicos, falta de tempo e de inspiração). O mais importante atraso, entretanto, era por achar uma data, um dia que significasse algo, uma lembrança boa ou uma saudade nada esquisita.

Àqueles que procuram um post cheio de bobices, de opinião forte ou com uma discussão polêmica, pulem de blog, vão ler um livro ou procurar algo na geladeira.

Hoje é dia 11 de dezembro e parece ser mais um dia normal. Não é.

É o aniversário da minha amiga Luciana Fontes, que partiu precocemente em uma sexta-feira, dia 04 de janeiro, em um acidente de carro que prefiro nem saber como aconteceu.

Foi o dia que os anjos resolveram enviar uma pessoa especialmente bela, gentil e de convicções tão fortes que beiravam à vontade de lhe dar um tapa.

Foi também nesta data que os espíritos bons decidiram (há 35 anos) mandar à Terra alguém com real vontade de fazer o bem, de ter ambições políticas pelos motivos certos e melhorar a vida de gente medíocre, de coração ou de finanças...

As minhas lembranças, porém, são bem mais egoístas. Eu recordo dos puxões de orelha, das reclamações do meu pé preto, dos 'acorda, mulher' e das infinitas gargalhadas quando me metia a falar bobice...

A saudade faz aniversário nesta quarta-feira e, coincidências tristes à parte, eu nunca celebrei com ela, pelo menos não no dia em si. Tampouco tiramos fotos juntas, e lembrar disso me corrói a alma.

Mas nós comemoramos vitórias, conquistamos mundos, barbarizamos legal e ainda fomos muito felizes juntas.

Devo confessar, porque isso já virou tradição, que mudei alguns hábitos depois que Lu partiu, primeiro do Amazonas e depois deste plano: Como ela se foi em uma sexta, somente uso roupa branca (a favorita dela) neste dia; revejo-a sentada no meu sofá me dando um sorriso, enquanto estou na cozinha, quase todos os dias; converso com ela (e ela me responde) quando estou triste, chateada, preciso tomar uma decisão difícil ou simplesmente porque aconteceu algo muito legal; e ainda atendo o telefone, só pra ouvir ela dizer que me ama.

Por tudo isso, acredito mesmo que a saudade nos dá a certeza do reecontro, até porque, meus amigos, a verdade é que o amor e a amizade são clichês belíssimos...
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