“Glamour”, by Diana Vreeland



Texto e Foto: Cláudia Pereira // 


Depois de uma longa trajetória de busca, pesquisa, insistência e falta de paciência!!

“Glamour” de Diana Vreeland chegou às minhas mãos.

Foi preciso uma verdadeira batalha para conseguir o bendito supra sumo fashionista.

Pesquisa em vários sites.

Pedido feito na Livraria Cultura.

Cancelado depois de saber que seriam quase trinta e poucos dias de uma longa espera.

Logo em seguida, mais uma peregrinação pela Livraria Saraiva, sem sucesso.

Tive a tristeza  ver  uma  das vendedoras sucumbir ao próprio cansaço e me dizer que

“infelizmente, era impossível encontrar o livro em meio ao amontoado de livros expostos na loja”.

Aliás, uma coisa terrível de se falar  a um cliente.

Mas, Manaus é assim mesmo.

Vendedores absolutamente sem a menor ambição ou bom humor.

Enfim.

Dane-se.

Recorri a um grande amigo que mora em Brasília, bem ao lado da Cultura e Tcham Tcham Tcham!!

Foi assim que pude, finalmente, realizar o meu amado sonho.

E o que dizer depois de tê-lo aqui ao meu lado?

Devorei “Glamour” lentamente, duas folhas, dois dias....um mês...dois meses.

Quis saboreá-lo sem pressa.

Confesso que temia perder a essência louca e moderna dessa mulher que tanto me inspira.

Valeu a pena cada dia passado em sua companhia.

Diana Vreeland nos presenteia com suas fotos preferidas.

Nos conta casos interessantes envolvendo a alta sociedade de uma época glamourosa.

Fala de si mesmo com enorme desenvoltura e risadas delirantes.

Dá aula sobre personalidades, roupas, estilos.

Quase ouso dizer  ter ouvido seu gargalhar entre frases repletas de efeito superficial.

Compreendo, finalmente, o ícone da moda mais importante do nosso século.

Vreeland me fez ver o quanto a moda está ligada à nossa personalidade.

Ser vulgar, extravagente, excêntrica .

Tudo isso faz parte do que somos ou podemos ser.

O comum pode ser sinônimo daquilo usado sem o menor charme ou elegância.

O mais interessante é saber que nossa diva não tinha nada de excepcional.

Feia, nariguda, pequena.

No entanto, sua personalidade o extremo bom gosto lhe fizeram chegar ao topo de um universo conhecido pela ditadura da beleza.

Por causa de Vreeland, podemos presenciar que nem tudo se restringe a um belo par de pernas.

Desbocada, irônica, autêntica.

Ela ousou destronar um dos maiores símbolos vocais de uma época.

Chegou acusar Maria Callas de uma vulgaridade atroz e ordinária.

Também analisou Marilyn Monroe de uma forma bastante tocante “Marilyn Monroe! Era uma gueixa. Nasceu para proporcionar prazer e passou a vida fazendo isso – não sabia como escapar disso. “.

São 207 páginas impecáveis, repletas de fotos geniais e textos absurdamente divertidos.

Tudo isso sob o acabamento perfeito da Cosac Naif.

Você pode até achar caro pagar algo em torno de oitenta e poucos reais, mas eu lhe digo que vale cada centavo .

“Glamour” é item de colecionador.

Um artigo de luxo para quem acredita que a moda também é arte e  estilo de vida.

Diana Vreeland está presente de alma inteira, nos dando suas técnicas e ousadias fotográficas.

 “Glamour”  brinca com o leitor ao perguntar “Existe algo mais importante que a moda?” e depois ensaia um adeus ao fetiche fashionista  afirmando tudo ser apenas uma grande bobagem.

Vreeland era mesmo surpreendente.

O tempo fez dela uma referência importantíssima .

Querendo ou não, a pequena terrível deixou sua marca pessoal num mundo que ajudou a criar.

Quase obrigatório e surreal.
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