As sem-razões do amor (Carlos Drummond de Andrade)

Eu te amo porque te amo
Não precisas ser amante
E nem sempre sabes sê-lo
Eu te amo porque te amo
Amor é estado de graça
E com amor se paga.

Amor é dado de graça
É semeado no vento
Na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
Bastante ou demais as mim
Porque amor não se troca
Não se conjuga nem se ama
Porque amor é amor a nada
Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte
E da morte vencedor
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

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