Garotos ribeirinhos - Foto: Alex Silveira
Por Juçara Menezes //
Aqui por Manaus, nos chamamos de caboclos, essa mistura louca que tem mais sangue índio do que dos outros. O termo caboclo - assim mesmo, escrito com ‘L’ - é o mais antigo na língua portuguesa, mas como somos brasileiros acima de tudo, demos um jeitinho de colocar na gramática o caboco.
E o que isso quer dizer? Bom, que somos um tanto preguiçosos, um tanto teimosos, um tanto do nosso jeito e um tantinho mais de qualquer coisa regional. É do caboco dormir em rede, comer pão com tucumã e queijo coalho, beber suco de cupuaçu no café da manhã, ou um café preto bem forte, porque caboco que é caboco é macho pra caramba!
É do caboco andar muito pra chegar bem aliiiiii! É nosso o jeito de comer peixe com farinha do uarini usando a mão, porque a colher num serve muito nessas horas. Catamos as espinhas pros mais novos, já que elas são tão ‘gitinhas’ que a meninada pode se engasgar.
Somos nós, cabocos, que sempre damos um jeitinho quando as coisas vão mal. Que amamos uma cadeira de balanço. Que reclamamos do muito calor ou do monte de chuva, mas nunca pensa em se mudar.
É tão nosso tanta coisa, que até criamos um novo ‘dialeto’, o ‘amazonês’. Aliás, tem um livro com este nome, de Sérgio Freire, que está na livraria só esperando por mim.
Vou terminar falando mais ainda da comida, porque cada Estado e região do Brasil são diferenciados por ela e por seu modo de falar. O Sudeste descobriu a pouco o nosso açaí, que significa Juçara, tá pra ti? E o seu Guaraná daquela marca famosa é todo produzido pelos cabocos e filhos de índios de Maués, principalmente. Neste fim de semana, provei o tal guaraná com açaí. Gosto diferente, mas ainda com sabor da gente, e a combinação deu certo. Porque caboco, meu amigo, gosta mesmo é de misturar!
Tenho orgulho de minha metade índia-caboca porque sim, afinal, caboco num dá muito explicação, meu velho, pois já sabe que tá certo!
*caboquês puro
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