Um país chamado Carnaval



Por Cláudia Pereira // Imagem: Roberto Weigand // 


O carnaval acabou. Foram cinco dias de extrema agitação, onde o povo festejou sem pensar nas consequências.

Dizem por aí que o brasileiro é festeiro. Eu concordo. O povo realmente adora comemorar qualquer coisa.

O Flamengo ganhou? Vamos beber.

Amanhã é feriado? Vamos beber.

Acabou o horário de verão? Vamos beber.

Morreu a minha sogra? Vamos beber.

Estourou a camisinha? Tô ferrado, mas vou beber assim mesmo.

Os gringos nos acham divertidos. Muitos juram nunca ter visto tanta gente despojada aproveitando a vida de forma quase infantil.

Passei a minha vida inteira ouvindo isso.

Parece que o jeitinho alegre cativa aos mais sisudos britânicos.

Sempre achei esse tipo de elogio uma coisa meio bobo da corte.

Pra mim, nós somos todos uns palhaços que sorriem mesmo quando tudo  vai muito mal.

Andam falando por aí que o Brasil é o país do futuro.

Que bom.

Mas infelizmente, a população não parece disposta a assumir uma atitude mais madura em relação aos problemas econômicos da nação.

Não seria legal ver uma parcela do povo exigindo uma vida mais digna e justa?

Que incrível imaginar esse mesmo bando de palhaços carnavalescos cobrando de quem colocou no poder oportunidades iguais a todos os cidadãos!

Nada de pular na Banda da Bica ou no Morro da Liberdade.

Imaginem pelo menos umas cinco mil pessoas exigindo do Prefeito todas as promessas feitas em campanha?

Ah, eu sei....

Me deixei levar por devaneios tão profundos quanto dos que assistem ao BBB12.

Como já dizia meu amigo Laerte,  preciso aprender a ser mais divertida e menos crítica.

Quem manda nascer com o maldito dispositivo do pessimismo?

Nunca fui uma pessoa comprometida com a babaquice coletiva.

Não sou pierrot nem colombina.

Sou apenas uma cidadã que não acha divertido ficar espremida entre foliões bêbados e suados.

Eu não passo de uma  melancólica insatisfeita em meio a tantas rainhas de carnaval.

Realmente, esse Brasil não me merece.

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