MANAUS – Mesmo com uma rede estadual de saúde com 131 unidades em todo o Amazonas e mais de 3 mil leitos, o Estado ainda não consegue atender toda demanda de pacientes com eficiência. A afirmação é do presidente do Sindicato dos Médicos no Estado (Simeam), Mário Viana. O problema é notório em hospitais de urgência e emergência, pois estes são os mais procurados pela população.
“O problema da falta de leitos é que entre 30% e 40% dos atendimentos em pronto-socorros não são de emergência. A culpa é do sistema de saúde voltado para a urgencialização, porque o a rede básica de saúde não aparece”, assinalou o presidente, referindo-se ao programa Médico da Família e às Unidades Básicas de Saúde (UBS). Para Viana, na maioria das vezes não existe um serviço médico em paralelo, como trabalhos de prevenção às doenças e vacinação.
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (Susam), na capital, as unidades estão divididas entre: hospitais, fundações de saúde, policlínicas, farmácias populares, prontos-socorros adultos e infantis, Serviços de pronto-atendimento (SPA), maternidades, Centros de Atenção Psicossocial (Caps), banco de olhos, laboratório central, Centros de Atenção Integral à Melhor Idade (Caimi), Centros de Atenção Integral à Criança (Caic). Ao todo, são 65 unidades de saúde na capital e 66 nos municípios do interior do estado.
O programa Saúde da Família, em Manaus, tem 156 equipes, enquanto pelos cálculos do Simean o ideal era de 600 a 700. Segundo o Ministério da Saúde (MS), a proposta é que as equipes atinjam pelo menos 70% da população para, assim, ter uma efetividade. O objetivo é evitar a saída dos pacientes para os pronto-socorros.
A saúde é um assunto de reclamação no bairro Puraquequara, zona Leste de Manaus. A moradora Ione Amazonas contou que existem duas UBS na região, mas somente uma está em funcionamento. “Somos cerca de sete mil pessoas e temos apenas 16 atendimentos por dia. A conta não tem como bater. Quando alguém passa mal, é preciso correr ao pronto-socorro mais próximo e, neste caso, é o Serviço de Pronto Atendimento da Colônia Antônio Aleixo”, disse Ione.
De acordo com os moradores, o atendimento na UBS é dividido por categorias. A segunda-feira é dedicada às grávidas; a terça-feira somente para os quem reside na área do Lago do Puraquequara; a quinta para os hipertensos e às sextas-feiras, a ‘casinha’ não funciona.
A Secretaria Municipal de Saúde (Semsa) declarou, em resposta à equipe do portalamazonia.com, que a Estratégia Saúde da Família tem sido tratada como área prioritária pela atual administração, pois teria recebido as ‘casinhas de saúde1’, em sua maioria, em estado precário. “Neste sentido, um dos investimentos mais importantes do Programa de Reestruturação da Rede Pública Municipal de Saúde está sendo o de dotar a Saúde da Família de uma infraestrutura adequada de atendimento, assegurando melhorias para os usuários e para os profissionais que atuam na Estratégia”, afirmou nota da pasta.
Em abril de 2011, a Prefeitura de Manaus iniciou o processo de substituição das antigas “Casinhas de Saúde”, de apenas 32 metros quadrados, por Unidades Básicas de Saúde da Família, construídas em padrão ampliado de 130 metros quadrados. Trinta e três unidades já estão funcionando, resultado de investimentos da ordem de R$ 11 milhões.
Quanto à falta de médicos, a Susam afirmou que este é um problema “do País” e que trabalha para minimizar os transtornos. Para isso, uma delegação brasileira está em Havana (Cuba) para firmar parceria com aquele país para a formação de médicos para atuarem no Brasil. A nível municipal, o concurso público da Semsa,em fase de conclusão, deve também ampliar o número de profissionais (médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos de enfermagem, entre outros), que atuam na Saúde da Família.
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