Queda na fabricação de CDs e DVDs ameaça 7 mil empregos em Manaus


MANAUS – As fábricas do segmento fonográfico no Polo Industrial de Manaus (PIM) há muito passam por um momento difícil. A afirmação é do presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco. Com o avanço dos downloads gratuitos e a compra de música e filmes pela internet, a fabricação de CDs e DVDs parece estar com os dias contados. A evolução tecnológica e a pirataria também ajudam no declínio nas vendas dessas mídias.
“Ninguém sabe ao certo quando [o fim] deve acontecer. Se olharmos a convergência digital e as formas de acesso, vemos a possibilidade do setor sofrer com tudo isso. É uma tendência baixar música, através da internet. Há sites especializados em comercializar os produtos, tudo vem contra a produção do CD. Em contrapartida, filmes e shows devem permanecer por mais tempo”, explicou Périco.
Conforme dados do Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal-AM), o preço para se produzir uma mídia no PIM é inferior a R$ 3, incluindo o transporte. De acordo com os dados da Superintendência da Zona Franca de Manuas (Suframa), o polo de CDs e DVDs gerou um faturamento de R$ 1,2 bilhão em 2010.
Atualmente, o setor emprega cerca de sete mil funcionários – sendo três mil na fabricação e quatro mil nas indústrias de componentes ligadas ao setor. A Zona Franca de Manaus (ZFM) detém 98% da indústria fonográfica e de vídeo.
“O fim está próximo”
No início de maio deste ano, o senador pelo Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), chegou a afirmar que “a indústria [do PIM] está se aproximando do final”. Ele falava durante o debate da PEC da Música – ocorrida na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) – e reuniu senadores, artistas e representantes da indústria fonográfica. A Proposta de Emenda à Constituição quer a imunidade tributária sobre CDs e DVDs produzidos no Brasil.
O objetivo da PEC é reduzir o preço dos produtos ao consumidor e desestimular a venda de reproduções piratas. Para isso, a medida defende que a imunidade tributária sobre a produção de CDs e DVDs em todos o País. A medida tira, automaticamente, as vantagens da instação da indústria fonográfica no Amazonas.
“Temos o dever e a obrigação de defender até o último emprego da ZFM, mas temos que compreender que essa indústria vem perdendo geração de emprego em todo o mundo. A plataforma de CD para venda de música está sendo substituída por outra, que a de venda de música pela Internet”, afirmou.
Pirataria também prejudica venda e fabricação de mídias. Foto: Marina Souza/Arquivo Portal Amazônia
Pirataria também prejudica venda e fabricação de mídias. Foto: Marina Souza/Arquivo Portal Amazônia
Comércio
Assim como as fitas K-7 perderam espaço para os CDs, e o videocassete foi substituído pelo aparelho de DVD, a tendência é a nova tecnologia, via web, superar as atuais mídias. Lúcia Venâncio, que trabalha na compra de novas mídias para lojas em Manaus, disse estimar um prazo até 2017 para o fim da fabricação e consequente venda das mídias.
“Apesar de haver pirataria – cópias de produções fonográficas e audiovisuais não-autorizadas – nas vias, há também um público fiel, que gosta de comprar e presentear. Sabemos do fim do CD e já estamos nos adaptando. Estamos com outros produtos à venda e as nossas apostas são nos livros gospel”, explicou Lúcia.
União para sobreviver
Para sobreviver, as indústrias de meios magnéticos do Polo Industrial de Manaus (PIM), Microservice e Videolar, uniram-se. A fusão entre as áreas de mídias pré-gravadas criou a empresa AMZ Mídia Industrial.
A união é avaliada pelo Sindicato das Indústrias de Meios Magnéticos e Fonográficos do Estado do Amazonas (Sindmaf-AM) como uma das ferramentas para fortalecer o segmento e combater a crise da indústria de mídias amazonense.
O presidente do Sindicato, Amauri Colares Blanco, considera a consolidação entre as empresas como um movimento natural. “O segmento já enfrenta fortes desafios, principalmente a pirataria e as mudanças nas formas de se consumir entretenimento e acessar os conteúdos de música e vídeo. A fusão é algo normal neste setor”, explicou.
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