Por Cláudia Pereira //
“12 Anos de Escravidão”.
Lembre bem desse título.
Nunca ouviu falar?
Compreensível.
“12 Anos de Escravidão” não é um filme que pode ser apreciado com pipoca ou sucos.
O britânico Steve McQueen realizou uma obra que dói na alma.
Vê-se aqui todo tipo de crueldade imposta aos negros sem nenhuma graça ou suavidade.
Tarantino fez piada com o racismo e realizou o pretensioso Django Livre onde brinca com o massacre pelo qual os negros foram submetidos.
Azar o dele.
McQueen optou pelo caminho oposto.
Seu filme alcançou elogiosas críticas e já chega com etiqueta de luxo.
É forte concorrente ao Oscar, chegando a ameaçar o favoritismo de “Gravidade”.
A história é assustadoramente real.
Solomon Northup (Chiwetel Ejiofor) é um violonista que mora com sua família em Nova York.
Escravo liberto, encontra na moderna cidade a liberdade que tanto sonhou.
Solomon é convencido por dois empresários a ir à Washington pra participar de um circo cult.
Acaba sendo sequestrado e vendido como escravo na Louisiana.
Seu proprietário de escravos é Epps (Michael Fassbender), um homem cruel que não mede esforços para fazer valer sua selvageria.
Se vc não suporta ser confrontado com a humilhação, dor física e emocional, esqueça.
Assista sua novela ou à luta do UFC.
“12 Anos de Escravidão” é um filme impactante, necessário.
Não existe nenhuma cena que deixe o espectador confortável.
Somos jogados no centro de dores quase sub-humanas, capazes de nos levar à lagrimas.
Logo no início fui confontada com uma cena e juro, juro me julguei incapaz de seguir adiante.
Já dava pra perceber que o que viria a seguir não seria fácil.
A obsessão do senhorio Epps (Michael Fassbender) com a sua escrava favorita Patsey (Lupita Nyong'o) é algo tão perturbador quanto a escrava negra que se casa com um homem branco para fugir do chicote.
McQueen descortina a realidade da escravidão sem pieguice.
O estupendo elenco tem muito crédito no que diz respeito ao sucesso da produção.
Chiwetel Ejiofor merece todos os prêmios a que foi indicado.
Impossível não reconhecer sua superioridade sobre os outros prováveis concorrentes.
Michael Fassbender apresenta mais um trabalho impecável e se firma como astro.
Lupita Nyong'o também mostra enorme talento e torna sua Patsey figura marcante da película.
Sua atuação arrebata emoções diversas.
Eu chorei.
Me envergonhei.
Senti repulsa.
Será que a sociedade americana continuará negando o poder destrutivo da escravidão?
“12 Anos de Escravidão” cutucou as feridas com enorme dignidade.
Um soco no estômago.
Prepare-se.
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