A bola murcha da imprensa esportiva brasileira



Por Claudia Pereira // 

Noite morna de futebol. A quarta-feira tem alguns jogos decisivos ou não. De qualquer forma, não me animo a ver nada.

Nada se compara à eliminação em massa da Libertadores. Se fiquei chateada? Nunca. Pelo contrário, foi uma delícia ver os comentaristas esportivos queimando a língua. A grande maioria ficou abismada com a eliminação dos times brasileiros.

Eu não. Achei normalíssimo. Estranho seria ver o Fluminense indo além do que pode. Mesmo o torcedor mais fanático tem consciência da fragilidade do tricolor. O que esperar de um técnico interino sem a menor inspiração? Culpar quem? A diretoria que continua pensando pequeno? Não dá pra entender uma equipe que gasta milhões em contratações, mas que não tem um lugar digno pra treinar. Quanto ao craque do time, Fred, nunca foi esse gênio da bola. Conca também murchou. Ricardo Berna no gol é um desastre. Enfim, sobra o He-man lá na frente tentando operar algum milagre.

Mas o futebol não é nenhuma igreja. No campo o que vale é a bola, é o sentimento de garra e luta.

Tudo o que não tiveram Inter e Grêmio. Os dois times foram surpreendentemente eliminados sem dó pelos seus adversários. Senti uma pontada de pena do Falcão. O coitado terá uma árdua batalha pela frente. Mas gostei da cara de pamonha de Renato Portaluppi  tentando justificar o óbvio.

E quanto ao Cruzeiro? Eu particularmente adorei o fiasco.

Já estava ficando cansativo ouvir os comentaristas inventarem qualidades para o time classe A de Minas. Será que eles pensaram mesmo que Cuca ia suportar chegar ao topo sem tropeçar em si mesmo? E o caminho foi perigoso. Primeiro a subida aos céus. O time foi chamado de divino, de melhor futebol atual do País. Eram tantos adjetivos que o elenco todo acreditou.

Resultado, vexame. Surpresas para uns, para outros a certeza de que salto alto é prejudicial.

Culpa de grande parte da imprensa esportiva que continua jogando confetes sem a mínima noção do perigo. Elogiar e alçar uma equipe à perfeição é brincar com fogo. Uma delícia ver a cara de espanto dos espertos conhecedores do futebol.

Como? Por quê?

Vou dar uma resposta sem grandes arroubos de inteligência. Simplesmente porque futebol se ganha no campo. Críticas positivas, adulações e o espírito de já ganhou não leva título.

Ah, e só um detalhe. Sobrou a batata quente para o Santos. Logo, os incríveis jornalistas já o colocam como favorito ao título...

No País da farsa, um ídolo  nasce numa única jogada. O futebol decaiu e com ele a crônica esportiva virou motivo de chacota.

Triste realidade de um esporte que já conheceu dias mais felizes.

Obs meu: Claudia Pereira é uma expert em futebol, filmes, músicas e língua ferina. É a mais nova colaboradora do Pulga e uma grande 'aquisição' para nossa equipe. Crítica mordaz e inteligência à toda prova nos aguardam. Que venha a digníssima alfinetar os acomodados! 


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Autora do Blog Poltrona Cinemaníaca

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