“Clube de Compras Dallas” , by Jean-Marc Vallée




Por Cláudia Pereira // 

Clube de Compras Dallas”  é uma dessas produções que chega de mansinho, sem fazer alarde, e acaba se tornando Cult.

Seu tema pode parecer indigesto para o grande público, mas a dupla de atores faz valer o preço do ingresso.

Ron Woodroof (Matthew McConaughey) é um sujeito sem perspectiva nenhuma.

Passa os dias assistindo rodeios, promovendo apostas, bebendo, se drogando e transando com todas as mulheres possíveis.

Ele vive num mundo predominantemente homofóbico e machista.

Todo o seu universo caótico é posto à prova quando se descobre portador do vírus HIV.

Preconceituoso , se nega a aceitar que foi contaminado pela mesma doença que afeta “os viados” (é o que acredita ele).

Me desculpem a palavra pejorativa, mas isso é pouco diante do que o personagem vomita durante o início da película.

Woodroof  se revolta e  chega ao fundo do poço.

A descida ao inferno lhe custará caro.

Woodroof  acaba internado e finalmente aceita seu real estado de saúde.

Resta ao  cafajeste  assumir  a batalha pela vida.

Busca informações sobre o vírus  e   resolve arriscar um novo tratamento dos contaminados com um  coquetel inovador.



Esse é o maior mérito de “Clube de Compras Dallas”  .

O personagem é um desses crápulas detestáveis que acaba se humanizando lentamente.

Não pensem que o cara irá se tornar um santo.

Nada disso.

Mas o sofrimento irá lhe provar que todos são iguais , e que os únicos com quem pode contar são aqueles pelos quais  sentia repulsa.

O surgimento de uma drag Queen (Jared Leto) contaminada será o condutor dessa  mudança.

Ambos viram sócios na venda dos medicamentos ilegais, terminando por terem uma intimidade nunca antes imaginada.

Matthew McConaughey apresenta uma transformação física que choca quem o  via apenas como um galã.

Corajoso e talento, o ator se redime de todas as porcarias cinematográficas que fez, dando provas de que resolveu abraçar um novo tipo de interpretação.~

Jared Leto também está soberbo, sua Drag Queen é irreverente, debochada e triste.

Juntos, se tornam fortes candidatos ao Oscar.

O diretor Jean-Marc Vallée realiza um filme relevante.

Seu único defeito é se prender excessivamente ao tema da discussão entre os  medicamentos x FDA.

Nesse momento a produção se arrasta e quase compromete o resultado final.

Mas, nada que vá fazer o telespectador perder o interesse.

Diante de tanto empenho dos atores, fica  impossível não aplaudir “Clube de Compras Dallas” pela coragem em abordar um assunto tão sensível com bom humor e autenticidade.

Uma grata surpresa.

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